domingo, 28 de junho de 2009

(A)BOIADA

(A)BOIADA


Bem na beira da estrada
Berra o boi tangendo gente
Bem na beira do caminho
Berra gente a tanger boi
Na cadência da toada
Tange boi e tange gente
Molemente pela estrada
Vai boiada, segue gente
Na tangência do caminho
Canga cansa, boi empaca
Berra bravo na invernada
Salta cerca, mourão se parte
Cai a canga, cria asas
Sai da frente
Que é gente
Não é boi, nem é boiada

FIM DE CASO


Nicoleta
FIM DE CASO


Passado o vendaval
Terra arrasada
Respingos de nada

Gosto de guarda-chuva
Cachaça barata
Ressaca

Restolhos de beijos
Metáforas da paixão
Que incendiaram os lençóis
Cortaram a carne
Explodiram
Delícias e delírios de prazer

Veio a tempestade
A chuva lavou

CICA



PICASSO

ADOCE
CADA
CICA
DA
DOR
DESSE AMOR
ADOCICADACICADADOR

VAGAS DA PAIXÃO


MANET


VAGAS DA PAIXÃO


Vem...
Vem se perder em meus braços
Navegar na turbulência das ondas
Dos nossos corpos suados
Sentir da maresia o odor
E o salgado sabor
Tempero picante
De nossos corpos ardentes
Em movimentos lascivos
Na cadência das vagas vadias
Febris de paixão
Vem...
Vem ouvir da concha
O marulhar obsceno
Que te atrai e te sorve inteiro
Vem...
Mergulha no fundo do meu oceano pacífico
E penetra a fenda que guarda o segredo
Das sensações etéreas
Vem se perder em mim...
Explode em frêmitos frenéticos de gozo
Na arrebentação desse mar de delícias



terça-feira, 20 de janeiro de 2009


ESSÊNCIA

Quando você desaparece
Todos os fantasmas somem.
Ficam apenas as suas sutilezas
Soltas no ar aqui e ali,
A revolver cinzas de incandescências passadas.

Ficam suas pegadas pregadas, postadas
Nos gritos calados dos versos
De um poema assimétrico, amorfo, polifônico,
Desmedido e sem medida,
Sem métrica.

Soçobram os versos brancos
Sem ritmo, sem rima, sem graça.
Só sobram versos em branco
Nas gavetas da memória.

Crises do Cotidiano

Tudo em minha vida
É dialética, didática e dívidas,
É o contraditório e a retórica,
A prática e a gramática.
Para perguntas: respostas
Dúvidas? Desfaço
Faço e desfaço um verso
No reverso irreversível
Do tempo invisível.
Entre o diáfano e o profano
Peço prazeres carnais
Entre o sumo e o insumo
Prefiro caldo de cana caiana
Entre o ser e o ter
Me encho de dúvidas existenciais
E dívidas cruciais.

ABSTRATO

Absorvo-te em ósculos de êxtase
Absinto-te em gotas de prazer
Abstenho-me de teu gozo insano
Abstraio-te em meu sonho erótico
Absolvo-te deste instante profano
Abnego-te todos os dias
Abjuro-te de morte imediata
Ab-rogo teu perdão para sempre
Abstrato-te