sábado, 12 de julho de 2008

VISÕES

Espalha no espelho
a imagem desmanchada,
despejada de mim.
Deságua da memória
a lucidez insana
que o tempo profana
e subverte a razão.

Esparrama e derrama
suores, odores, sabores, amores,
líquidos desejos que embaçam o cristal.
Arrebenta e parte em estilhaços
de beijos, bocas, braços, abraços.
Pedaços de amor em partes
entre pernas e pelos
no apelo da pele.
Delírios entrecortados
por espasmos de gozo
escorrendo entre os cacos
de sonhos desfeitos.

Aspecto disforme
do espectro no espelho
imagens amorfas
perdidas em mim.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Fresta

Pela fresta uma nesga
de luz
Sobre a resma uma rima
de adeus
A vista vesga embaça
de dor
A vestal veste a mortalha
do amor
Nada resta da réstia
da fresta.